Descobri numa biblioteca escolar este livrinho cheio de pó, com uma história fantástica...
Tenho mesmo que dividi-la com vocês...
«- Mãe, gostas de mim?
- Gosto de ti até ao céu, meu filho.
- Mãe, se tivesse estado na tua barriga, gostavas mais de mim?
- Não, meu filho, porque haveria de gostar? Tu estiveste dentro de mim, no meu pensamento e no meu coração. O meu desejo de te ter, de te pegar, de ver o teu rosto era tão grande como a barriga de grávida.
- Mãe, então tu dizes que gostas tanto de mim, teu filho adoptivo, como do meu irmão, que é teu filho biológico!
- Claro que sim. Quando estava á espera do teu irmão sentia-me muito feliz, porque ia ter um filho; não porque a minha barriga estava a crescer.
- Há muitas maneiras de ter filhos: na barriga no coração...
– Mãe, grávida no coração? O coração não tem filhos!
- Tem filhos sim, e foi lá que tu nasceste, é lá que estás a crescer e é onde vais ficar. Para qualquer lado aonde vá, levo-te sempre no meu coração.
- Ah! Então é mais importante o coração de uma Mãe do que a barriga!
- Claro, meu filho. Mãe é aquela que chora quando estás doente, que te pega ao colo mesmo quando lhe doem as costas e que te da um beijo de boa-noite. Mãe é aquela que te ama, a que está aqui e no fim do mundo, se precisares. O pai não engravida, no entanto ama os filhos desde o primeiro momento, e para sempre.
– Pai, mas eu não sou parecido contigo!
– És parecido comigo, sim! Tens o meu nome e és um bocadinho daquilo que eu sou, daquilo que eu gosto, daquilo em que eu acredito e que respeito. Até falas como eu!
– Pai, e os genes?
– Se um dia quiseres ser músico, atleta ou escultor, cantaremos juntos, faremos corridas na praia com os teus irmãos e até encheremos a casa com barro.Tu não precisas saber quais os teus genes.Precisamos é de estar juntos para os descobrir.
- Mãe, e a minha história?A tua história és tu quem a vai fazer. A tua história somos nós, tu, eu e o teu pai, os teus irmãos, avós, primos, tios, todos os que estão aqui ao teu lado, orgulhosos, a ver-te a crescer lindo e feliz.
- Mãe, porque me adoptaste?
- Porque queria ser mãe!
- Então és tu a minha verdadeira mãe! »
(Grávida no Coração; Paula Pinto da Silva; Editora Campo das Letras; Colecção Palmo e Meio)