21/02/2007

O segundo dia de aulas (1993)


3 de Dezembro de 1993
Sexta-feira


Levantei-me à hora prevista, mas só consegui tomar banho às 9:00h. Entretanto, tive bastante tempo para pensar no que me disseram ontem à noite algumas colegas, no caminho para casa: segunda-feira, frequência de Morfologia e Fisiologia Vegetal, quinta-feira de matemática, e já nem sei as outras. Ontem à noite, contei isso ao B. no telefonema que lhe fiz. Ele disse que me telefonava amanhã às 10:00h ou às 22:00h.
Bebi um copo de leite com cacau, ou seria um copo de cacau com leite? Saí de casa eram 11:00h.
Que bom, na minha escola só tiram fotocópias de folhas separadas, e na escola ao lado, só tiram fotocópias de livros da biblioteca de lá. Tenho de entregar os cadernos que me emprestaram, hoje, pois um deles é de Morfologia e Fisiologia Vegetal. Foi um desespero total!
Eram 11:55h. Resolvi que não ia almoçar para poder fotocopiar os dois cadernos algures. Fui ao centro da cidade. Quarenta minutos depois estava de volta, cheia de fome, com umas fotocópias escuras e menos dinheiro no bolso. Estava estafada pois vim a andar bem depressa.
Não houve aulas. Faltaram as fotocópias dos apontamentos ao professor. Fomos dispensados nessas duas horas. Pelo menos adiou a frequência para dia 7 de Janeiro. Teremos no entanto, uma aula suplementar no dia 13 deste mês.
Nos 30 minutos seguintes choveram cadernos e folhas para fotocopiar. Cerca de 2,5 Kg de apontamentos.
Fui ao Centro Comercial fotocopiar três cadernos, deixei as folhas soltas para fotocopiar na escola, deveria ser mais barato. Uma hora depois estava de volta (novamente), juntamente com os seis desgraçados que foram comigo.
Entreguei os cadernos e descobri que haviam folhas simples que tinha de entregar já. Dirigi-me à reprografia da escola, mas o cavalo que trabalha lá, saiu mais cedo.
Também não tive as duas horas seguintes. A professora faltou. Como ainda não tínhamos professora de português, não teríamos também as duas últimas horas.
Sem almoçar, aceitei boleia de um mini que custou 100 contos, mas que eu não dava mais de 5 mil escudos. Fomos novamente ao Centro Comercial fotocopiar as folhas que faltavam. Com dois meses de carta ela conduzia «esquisitamente», ou então era do carro…
Tirei as benditas fotocópias e entreguei-lhe as folhas. Foram-se embora (a dona do carro e a dona das folhas), enquanto eu esperava que me fotocopiassem o novo carregamento de apontamentos. Não queria nada ter de lá ir novamente amanhã.
Com menos 4.500$00 (ao todo) e depois de 1h de esforço no caminho, fui para casa e rasguei a senha do jantar.
Eram 17:15h. Morri mais uma vez quando tive de tirar os quilos de folhas da mala. Deitei-me um pouco para me recompor. Bebi 7,5dl de leite e comi um pão com queijo. Rico almoço e a boas horas…
À noite comecei a passar o caderno de Geometria. O B. não me telefonou de manhã. Estava ansiosa para que fossem 22:00h.
Chegou o Alexandre (neto da Dona Maria Augusta – senhoria) com a sua carrapeta loira (Sandra). Berrou com a avó. Foi tomar banho. Berrou com a Sandra para ela lhe escolher a roupa que ele queria vestir. Jantámos todos, a Sandra também.
Convidaram-me para sair às 21:40h e eu disse que não. Primeiro estava em coma, depois estava a passar o caderno e depois queria falar com o meu homem.
O B. telefonou eram 22:05h. foi relaxante ouvi-lo a dizer que já tinha caído “um colhão de períodos” (na cabine, lol). Eu acredito. Ontem caíram só 30 quando falei com ele. Vivi ou revivi quando ouvi a sua voz a dizer “amo-te”. Finalmente uma boa notícia: vêem duas cartas a caminho. Fiquei de lhe telefonar amanhã.
Amanhã tenho de comprar um saco desportivo. Amanhã tenho de comparar uns cadernos, os que trouxe são minúsculos. Amanhã…
Espero que o amanhã me corra melhor que hoje. Neste momento só tenho a certeza de duas coisas:
1ª - Se isto continua assim, não chego ao Natal.
2ª - E a mais importante…amo o B.

5 comentários:

Gabriela disse...

Na Faculdade de Letras, em Coimbra, tínhamos uma reprografia com máquinas onde colocávamos um cartão, que comprávamos na papelaria, e nós é que tirávamos a nossas fotocópias. Isso facilitava imenso o trabalho dos empregados e poupávamos tempo e paciência.
Os telefonemas do namorado eram sempre uma lufada de ar fresco.
Eu ficava, muitas vezes, a chorar com saudades, com vontade de fugir dali para junto dele.
Recordações!
Beijocas
Gabriela

Gabriela disse...

Realmente as fotos não aparecem!
Por que será?
Vou voltar a publicar o post e ver no que dá.
Pois! Se eu te disser que me revejo nos teus relatos de uma forma tão leal, tão assustadoramente real, não acreditas!
Eu não te entendo... nós tivemos vidas muito parecidas... eu "sou" de quem falas!
Beijos
Gabriela

Co(S)mic Gal disse...

Tanta folha....este post tá xeio de papel :P ehehehe
Que amas o B.....TODOS nós sabemos eheheheh
O Amor é lindo!
(tavam mt longe um do outro?)

mimika disse...

Pois é... eu também me revejo nessa parte dos kgs de fotocópias e das resmas de dinheiro que se gastaste!

Estou a ver que o início da tua passagem por Beja foi difícil...terá sido só o início? Vou esperar para ver, ou melhor para ler.

Qto às conclusões que tiras, a 2ª deixou-me com um sorriso nos lábios.

Beijinhos

Maya disse...

Ai as fotocópias......só de pensar no dinheiro gasto em fotocópias na faculdade....