20/02/2007

Só a mim... (1993)

2 de Dezembro de 1993
Quinta-feira


Beja. Horas antes de começarem as aulas. Levantei-me eram 8:20h, 10 minutos antes do despertador tocar. Sentei-me na cama e acendi a luz, nem sabia onde estava. Reparei que na mesa ao canto do quarto estava um prato com dois iogurtes de pêssego e um com cereais. Até agora, nada a reclamar do “serviço de quartos”.
Quando ia a sair do quarto para ir à casa de banho, fiquei com o puxador na mão. Óptimo.
Já na casa de banho e depois de lavar os dentes e a cara, verifiquei que o autoclismo estava sem água, ao abrir a torneira respectiva, fiquei novamente com a mesma na mão. Deve fazer parte da tradição da família.
Depois de pronta e de comer apenas o iogurte com cereais, resolvi ir à escola ver o horário. “Entrei” pela porta errada, ou pelo menos tentava entrar quando o contínuo me fez grandes gestos para contornar o edifício. Depois de andar 3 Km, entrei e subi as escadas laterais onde me haviam informado ontem que estariam afixados os horários. Iria ter aulas à tarde. Até agora nada de novo a não ser o nome das disciplinas por extenso. Eram agora 9:10h.
Localizei as salas onde iria ter aulas e fui à escola ao lado comprar a senha de almoço. Como também era nos Serviços Sociais dessa escola que tinha que entregar papelada, resolvi fazê-lo. É claro que comecei bem: depois de espalhar umas 20 folhas em cima do balcão, pedi à empregada para escolher. Faltava o reconhecimento de uma assinatura, um papel e um carimbo das finanças.
Cada vez melhor, agora só tinha de percorrer metade da cidade e colocá-los no correio para os devolver aos meus pais.
Bem, já que faltavam estes papéis necessários para a inscrição para a Bolsa de Estudos, talvez fosse melhor ir primeiro à secretaria da minha escola entregar os restantes papéis relativos à matrícula, não fossem faltar mais alguns. A secretaria ficava para lá dos correios.
Cinco horas depois, consegui chegar lá sem me enganar no caminho. Novidade das novidades, havia sido transferida para as instalações da minha escola nesse dia.
Bem, já que ficava em caminho, fui como tinha programado, aos correios. Depois de seis tentativas, consegui finalmente fazer a ligação telefónica para casa para avisar o agregado que iam papéis, assim o meu pai poderia mandar a criada (minha mãe) tratar deles…Seguidamente telefonei à minha senhoria, Senhora Dona Maria Augusta, dona da vivenda onde (também) durmo, para lhe dizer que as aulas começavam às 12:40h, e se me poderia preparar o almoço a tempo. Claro que podia. Para isso lhe são pagos 35 mil escudos todos os meses.
Já que estava perto da biblioteca resolvi levantar o cartão de leitor e, depois de metade dos funcionários da biblioteca andarem à procura dele, descobriram-no junto dos outros que estavam nas mesmas condições. Inteligentes estas pessoas…
Resolvi ir dar uma vista de olhos às prateleiras e tive a brilhante ideia de escrever uma carta ao meu amor. Eram agora 11:30h. Já era hora de ir, faltavam só 2 Km para chegar a casa, resolvi parar no banco Nova Rede. Cheguei lá a muito custo pois a mula não conseguia andar mais depressa. Sentei-me (finalmente), e um anormal de fato com uma voz muito simpática, pediu-me desculpas e pediu-me para esperar um pouco que já me atendia. 15 Minutos depois (a sério), começou a atender-me, eram então 12:10h. Concluindo, a caderneta de cheques chegava a “casa” uma semana depois.
Voei para casa, enganei-me uma vez no caminho e fui dar a um beco sem saída, uma rua antes. Voei para a escola praticamente sem comer porque a sopa estava em ebulição. Comi apenas os restos do jantar de ontem.
Entrei na sala eram 13:05h (começaram às 12:40h). Para quem preferia ser discreta, acertei em cheio.
Deparei com um professor que falava com a boca toda aberta, magro e com bigode. Foi ele quem me abriu a porta.
Será que eu estava na sala certa? E se a minha turma mudou de sala? O quadro estava cheio de macacos escritos.
Ele estava a falar na educação grega. Pelo sim, pelo não tirei apontamentos. Vim a saber mais tarde que não havia apagador e os macacos residiam lá desde cedo.
Quando acabou a primeira hora de história da Pedagogia por volta das 13:15h, fui falar com o professor. Concluí pelo que ele me disse que já tinha perdido matéria considerável. Apesar disso senti-me com sorte pois não houve aulas durante mais ou menos um mês. A escola mudou para estas novas instalações. Daí a secretaria ter sido na outra ponta de Beja.
No início da segunda hora houve uma rapariga que me pareceu familiar que “gritou” enquanto acenava: “Fénixxxx…” . Retribui o adeus mas não sei onde é que já a tinha visto. Mais tarde ela disse-me que andava na mesma explicadora do que eu perto da casa dos meus pais. Era a S. Balala (uma vez estimou o comprimento do pénis do namorado metendo uma régua na boca!).
Durante estas duas horas de aula e de vez em quando, havia uma miúda bonita com voz de homem que dava palpites à laia de “sou capaz de acertar em alguma coisa se falar muito”. Mais tarde fiquei a saber que era a Sílvia e que ela era mesmo assim.
Durante as duas horas de Psicologia da Aprendizagem vimos o filme “L´Enfant Sauvage”.
Em Expressão Motora (ginástica como lhe chamávamos no liceu) tivemos duas horas teóricas. Fiquei a saber que iríamos ter na próximo aula duas aulas práticas. Vim para casa mais morta do que viva.
Mais tarde jantei com a Bia ou Bá (resumidamente, foi a ama da minha senhoria e pertencia ao jurássico), a Dona Maria Augusta (nunca percebi se Dona fazia mesmo parte do nome), o Pinóquio (cão) e o Vasco (gatA), que saltava de vez em quando para cima da mesa e ocasionalmente para dentro de um prato.
Depois de alguns arranhões na mão direita e de ver a telenovela, fui-me deitar na minha cama de casal em pau preto, dura e a 1,50 m do chão.
Foi um dia que correu muito bem, aliás como se pode ver. Amanhã vou levantar-me às 8:30h para tomar banho e fotocopiar na escola dois cadernos que me emprestaram. Bom, de qualquer maneira tinha que ir para lá cedo pois ia ter que almoçar (e jantar) à outra escola.
Dormi como uma pedra.

Amigas... vocês não imaginam as coisas que me aconteceram em Beja. Eu queria apenas tirar o curso o mais rápido possível!

5 comentários:

Sónia disse...

Passei para desejar um bom carnaval!
beijos

mimika disse...

Bolas!!! Que saga! Espero que isto tenha sido uma excepção e apenas um daqueles dias em que parece acontece tudo!
No fim desse dia deves mesmo ter pensado: "isto vai ser sempre assim! Buáaaaaa"

beijinhos

Co(S)mic Gal disse...

Hj como trabalheiiiii IMENSOOOOO lol tive tempo pa dar um voltinha pa ver tudo no teu blog! adorei ler, o amor pelo teu marido e o respeito pelo teu pai! Li tudinho!
Agora.....
Muitas Bjokax e Bom Carnaval

Perola Granito disse...

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Deixo uma flor, um sorriso e um beijo

Maya disse...

Beeemmmmmmmmmm, e pensava eu que o meu dia de hoje foi azarado!!! Que nada em comparação com este!!